Caravana
1960

O Inicio de uma jornada

Apresentação

A  CARAVANA DE  INTEGRAÇÃO NACIONAL  consistiu em quatro deslocamentos rodoviários chamados de Colunas Norte, Sul, Leste e Oeste com saídas respectivas de Belém do Pará, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Cuiabá com destino à Brasília, trazendo em seu escopo veículos da época, Caminhões, Ônibus, Utilitários e automóveis que foram cedidos pelas montadoras e acompanhados por motoristas, mecânicos, engenheiros, autoridades civis, militares e eclesiásticas, jornalistas e brasileiros entusiastas com a nova capital  que aderiram ao convite feito pela Presidência da República na pessoa do Major do Exército José Edson Perpétuo – Ajudante de Ordens do Presidente da República Juscelino Kubitschek, totalizando à época 287 caravaneiros em 137 veículos que aportaram em Brasília aos 2 de fevereiro de 1960.

Fotos Antigas

Veja fotos da caravana de 1960 resgatada de registros públicos

Histórico da caravana de 1960

Um fato histórico de proporções nacionais que contou com a participação das Montadoras de Veículos Nacionais que cederam os veículos e pessoal para a consecução da Caravana do Brasil para Brasília em 1960.

Consistiu em quatro deslocamentos rodoviários chamados de Colunas Norte, Sul, Leste e Oeste, com partidas das respectivas capitais: Belém, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Cuiabá, com chegada à Brasília em 02 de fevereiro de 1960, antes mesmo de sua inauguração, sendo, portanto, a primeira grande festa da futura Capital Federal, idealizada à época pelo major do Exército Brasileiro, José Edson Perpétuo ajudante de ordens do Presidente Juscelino Kubitschek com o intuito de integração da nação.

“- Brasília já estava praticamente pronta e o Perpétuo quis fazer essa caravana de veículos de fabricação nacional, rodando com pneus nacionais, queimando petróleo nacional, sobre asfalto nacional – conta o coronel Affonso Heliodoro, então sub-chefe da Casa Civil da Presidência.

O convite foi feito a todos os fabricantes instalados no país, que prontamente atenderam ao chamado e se uniram na organização, cedendo veículos, motoristas e mecânicos. Aventureiros, jornalistas, engenheiros e operários também pegaram carona na expedição. De ônibus FNM a Romi-Isetta, uma amostra da indústria nacional.

Havia de tudo o que fabricávamos na época: Jeep e Rural Willys, DKW, Kombi, Fusca, Simca Chambord, Toyota Land Cruiser, caminhões Mercedes, Chevrolet, International e até ônibus Caio com chassi FNM.

Os participantes formaram quatro colunas, uma de cada ponto cardeal do país. O grupo do Sul percorreu 2.200km, saindo de Porto Alegre. A turma do Oeste partiu de Cuiabá e rodou 1.100km até a nova capital.

       A caravana mais atribulada foi a do Norte, que percorreu os 2.220km de uma Belém-Brasília ainda em construção. Foram dez dias de chuva, atoleiros gigantes, em caminhos sem qualquer infraestrutura. Em seus caminhões, jipes e ônibus, os expedicionários da “Operação tartaruga” (como ficou conhecida) eram recebidos como heróis e, não raro, acabavam com a comida dos povoados por onde passavam.

       A Coluna Leste teve largada oficial no Rio – na porta do Palácio do Catete – para um percurso de 1.200km, em três dias de asfalto. A maioria de seus integrantes, porém, já vinha rodando desde São Paulo.

E foi a turma dos paulistas que trouxe os veículos mais pitorescos: nada menos que 25 Romi-Isetta enfrentaram a estrada. Pequenas em tamanho e potência, as briosas maquininhas fizeram enorme sucesso.”
(extrato da reportagem do Jornal O Globo- Brasília, quilômetro zero: caravana da Integração Nacional, a viagem pioneira à nova capital)

 

A realização da Coluna Norte, só foi possível mediante o empenho da Mercedes-Benz do Brasil empregando veículos pesados, caminhões e ônibus, tracionados 4×4, haja vista uma rodovia Belém-Brasília ainda em construção, sendo assim, só foi possível por toda uma logística previamente preparada pelo Coronel Lino Teixeira, subchefe da Casa Militar de Presidência da República, como nos relata, Afrânio Melo, participante da Caravana e encarregado de documenta-la, em sua obra: DEZ DIAS NA BELÉM-BRASÍLIA:

“Há um problema a considerar, tráfego da Belém-Brasília: o abastecimento dos veículos e o das pousadas. A caravana comandada pelo cel. Lino Teixeira não experimentou dificuldades, nesse particular. Alguns veículos transportaram combustível, lubrificante, acampamentos volantes e até munição de boca. A maioria foi abastecida nos acampamentos das empresas construtoras e, a meio caminho de certos trechos, por caminhões tanque previamente dispostos. Quanto à comida e dormida, utilizaram-se os préstimos dos construtores – mesas fartas, improvisadas com tábuas, e grandes galpões, cobertos com lonas.”

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“Dela participavam dois governadores – o cel. Paulo Nunes Leal, de Rondônia e o sr.Hélio Araújo, de Rio Branco – o representante do governador do Pará sr Antônio Lôbo; o bispo d Eliseu Maria Corali de Bragança, três outros prelados, autoridades, engenheiros, médicos, parlamentares, jornalistas e choferes.”

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A chegada da Caravana de Integração Nacional em Brasília,  pôs em evidência na mídia nacional as Montadoras de Veículos Nacionais, as rodovias brasileiras e a nova futura capital – Brasília – provando que a Nova Capital Federal era viável e perfeitamente acessada pelos quatro pontos cardeais do nosso país continental, e ali foram recepcionados pelo Presidente JK em um glorioso desfile pela Esplanada dos Ministérios, seguidos de uma grande festa, com oferecimento de um  churrasco,  discurso do Presidente da República e entrega de Diplomas e Medalhas aos participantes da Caravana, tornando-se assim a primeira grande festa da Inauguração de Brasília, antes mesmo desta, que aconteceria logo em seguida à 21 de abril de 1960, fato este amplamente coberto e divulgado pela mídia nacional e internacional, contando inclusive com participação até mesmo do Presidente da Mercedes Benz, Sr. Ludwig Winkler, que fez questão e acompanhou a Caravana compondo a árdua Coluna Norte que se deslocou de Belém à Brasília por uma estrada ainda em traçado de terra, por longos dez dias de duração.

Nosso herói

Considerado funcionário padrão da Fábrica Nacional de Motores S.A., Genival de Oliveira fora escolhido para dirigir e conduzir  a comitiva presidencial do Palácio do Catete – Rio de Janeiro/DF até Brasília futura Capital Federal, na  1ª Caravana de Integração Nacional em 1960, sendo diplomado e agraciado com a Medalha da 1ª Caravana de Integração Nacional, honrarias essas recebidas do próprio Presidente da República Juscelino Kubitscheck de Oliveira, que ainda o presenteou com um punhal de bainha metálica todo prateado, por se tratar de um ex-combatente da Força Expedicionária Brasileira – FEB, o veículo utilizado à época foi um ônibus Caio FeNeMê D11.000 considerado o mais confortável a seu tempo.